A natureza como matéria-prima,
o meio ambiente como inspiração...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Borboletas em trabalhos artísticos

Asas do desejo



Um passeio pelas lojas de suvenires para turista do bairro da Liberdade ou da praça da República revela uma variedade de lembranças de gosto duvidoso: são quadros, relógios e até brincos decorados com a infinidade de espécies brasileiras de borboletas verdadeiras, em corpo e asa, não desenho. Alguns deles chegam a custar até R$ 100. 


A criação do inseto para produção de artesanato é autorizada pelo Ibama. Nos termos da lei, apenas machos podem ser sacrificados; as fêmeas, ao nascer, devem ser soltas acompanhadas de dois exemplares do sexo masculino. A
proporção de nascimento é de cinco machos para cada fêmea, dependendo da espécie.
"A criação comercial viabiliza o desenvolvimento sustentável e estimula a economia. Além disso, reduz o comércio ilegal de borboletas", acredita Francisco Neo, coordenador substituto do departamento de vida silvestre do Ibama.
Não é o que pensa Dener Giovanini, 32, coordenador-geral da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. "A criação comercial não funciona. A legalização criou um mercado negro, porque os borboletários não suprem a demanda. Os comerciantes continuam comprando borboletas ilegais,
especialmente as ameaçadas de extinção, mais raras." Dener diz que, no Rio Grande do Sul e no Paraná, as crianças recebem até R$ 2 por exemplar capturado, dependendo da espécie. No Amazonas, algumas custam até US$ 400.
Para o presidente da Associação Brasileira Pró-Lepidóptoros (de borboletas e mariposas), o biólogo Josef Bacsfalusi, os criadores ajudam a preservar a espécie "Na natureza, o índice de sobrevivência é de 25%. Nos criadouros, chega a 85%. Como as fêmeas têm que ser soltas, aumenta-se o número de borboletas na natureza."
O problema é que apenas borboletas que não estejam ameaçadas de extinção podem ser criadas em cativeiro, ou seja, as mais raras, tão desejadas pelos colecionadores, estão fora dos borboletários.
Garantir a "beleza" do artesanato requer uma técnica especial para matar a borboleta: ainda vivos, os machos são mergulhados em um tipo de solvente de tinta, que elimina os parasitas garantindo a perfeição das formas. Depois, eles são conservados com naftalina para uso posterior.
"Aqui no Canadá, nós utilizamos anualmente milhares de borboletas do Brasil para produzir quadros com mensagens de felicidades. O dia das mães é a melhor época de venda", afirma a comerciante canadense Katerina Pullman, que vende molduras com uma borboleta e mensagens do tipo "Deus Abençoe Este Lar" por cerca de R$ 36.
Outro que agradece o martírio das borboletas nacionais é o artista plástico norte-americano Bob Natalini. "Tenho trabalhos artísticos com borboletas que custam até US$ 130. São verdadeiras jóias."
No Brasil, Elizabete Vavassori, 58, produz até 3.000 borboletas por mês para artesanato, dependendo da época do ano. "Miami,São Paulo e Rio de Janeiro são nossos mercados", conta. "Muitos criticam nosso trabalho, mas, se as borboletas ficassem na natureza, os predadores comeriam. Além disso, doamos casulos para escolas."

Por Kiyomori Mori- Folha de São Paulo
Fonte: http://www.apasfa.org/silvestres/borbo.shtml

http://www.faunabrasil.com.br/sistema/modules/news/article.php?storyid=61
Foto: Graziele Noronha



Nenhum comentário:

Postar um comentário